terça-feira, 26 de março de 2013

NA ARTE DA CAPOEIRAGEM ******* GUARULHOS TAMBÉM TEM HISTÓRIA*******

                               NA ARTE DA CAPOEIRAGEM
                        *** GUARULHOS TAMBÉM TEM HISTÓRIA***

  O SÉCULO ERA XX. E O ANO?  BEM... O ANO ERA 1971. DAÍ CHEGA EM GUARULHOS UM MESTRE DO RIO DE JANEIRO POR NOME: HEMERVAL LOPES DE LACERDA (MESTRE LEOPOLDINA) NASCIDO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. INICIOU NA ARTE DA CAPOEIRA AOS 18 ANOS DE IDADE COM UM MALANDRO CARIOCA, FAMOSO NA ÉPOCA CONHECIDO POR QUINZINHO UM JOVEM AGUERRIDO, TEMIDO E RESPEITADO POR MUITOS NA REGIÃO DA CENTRAL DO BRASIL (RJ). APÓS UM CERTO PERÍODO DE CONVIVÊNCIA COM HEMERVAL, QUINZINHO FOI PRESO, E NA PRISÃO VEIO A SER ASSASSINADO. HEMERVAL DESAPARECEU POR UM DETERMINADO TEMPO, PORÉM CONTINUAVA A TREINAR SOZINHO, ATÉ QUE SOUBE QUE WALDEMAR SANTANA UM GRANDE LUTADOR, FAMOSO, E CONHECIDO NO RIO DE JANEIRO POR TER VENCIDO O MAIS ILUSTRE E ETERNO MESTRE DOS MESTRES NA ARTE DO JIU-JITSU; HÉLIO GRACIE. WALDEMAR SANTANA, TROUXERA DA BAHIA UM CAPOEIRISTA DE NOME ARTHUR EMÍDIO. NESTA OCASIÃO, HEMERVAL FOI APRESENTADO A ARTHUR EMÍDIO QUE O CONVIDOU PARA JOGAR. "FUI LÁ, MEIO ENVERGONHADO, E FIZ AQUILO QUE O FINADO QUINZINHO TINHA ME ENSINADO. NO COMEÇO A COISA CORREU BEM, MAS AOS POUCOS ARTHUR COMEÇOU A CRESCER; E ERA PERNADA PRA TUDO QUE ERA LADO, AÍ EU PERCEBI QUE ELE ERA MAIS FERA AINDA QUE O QUINZINHO." E FOI ASSIM QUE LEOPOLDINA APRENDIZ DA CAPOEIRA CARIOCA FOI APRESENTADO A CAPOEIRA BAHIANA.
     DEPOIS DE ALGUM TEMPO, E COMO SE SABE; O CAPOEIRISTA É UM AVENTUREIRO POR NATUREZA, NESSA ÉPOCA JÁ MESTRE DE FAMA INTERNACIONAL, MESTRE LEOPOLDINA VIAJA PARA SÃO PAULO, E TRAZ CONSIGO PARA GUARULHOS A MAIS EGRÉGIA DAS ARTES. E NO SUB-SOLO DO PRÉDIO DO SINDICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL LOCALIZADO NA RUA SANTO ANTÔNIO nº 17 CENTRO DE GUARULHOS, MONTA UM CENTRO DE TREINAMENTO DE CAPOEIRA "BANTUS DE ANGOLA."
ESTAVA PLANTADA A SEMENTE DA CAPOEIRA NA NOSSA QUERIDA CIDADE DE GUARULHOS, PERMANECENDO POR POUCO TEMPO, E RETORNANDO AO RIO DE JANEIRO DEIXANDO EM GUARULHOS UM ALUNO POR NOME DORIVAL DANDO CONTINUIDADE AO TRABALHO DO MESTRE. 
    E NO DIA 13 DE MARÇO DE 1972,  EMÍLIO DA CONCEIÇÃO NASCIMENTO *(MIRÃO) FUNDA NO QUINTAL DA SUA RESIDÊNCIA LOCALIZADA NA RUA NOEL ROSA NO BAIRRO DO PARAVENTI (GUARULHOS) O CENTRO DE CAPOEIRA "ROSA BAIANA". E EM 15 DE JANEIRO DE 1974, "O CENTRO DE CAPOEIRA ROSA BAIANA" MUDA PARA A RUA: PRESIDENTE PRUDENTE NO CENTRO DE GUARULHOS. NESTE MESMO ANO, ALGUNS ALUNOS DA ROSA BAIANA  LIDERADOS POR  (BENEDITO GONZAGA GOMES (*LOBO), E VALTER MENDES (VARTÃO). DISSIDIRAM MONTAR UMA OUTRA ACADEMIA, E ENTÃO FUNDAM NA AV: PENHA DE FRANÇA NO PRÉDIO DO ANTIGO CINEMA PENHARAMA NO BAIRRO DA PENHA SP. A ASSOCIAÇÃO DE CAPOEIRA "CINAMAR" NESSA OCASIÃO, MESTRE LOBO E VARTÃO ARREGIMENTARAM UM CERTO NÚMERO DE SÉQÜITOS GRANDES CAPOEIRAS; FORAM ELES: LARANJEIRA, BOY, RENATO, PERU, NAGÔ, CHINA, ARATA, MANDINGA, CARRASCO, ALEMÃO E DANILO BATISTA CAMPEÃO SUL-AMERICANO PESO PENA DE BOXE. [...] Obs: Danilo Batista não era capoeirista, apenas um admirador da capoeira e muito amigo do mestre Lobo por este já ter treinado Boxe no Clube Esportivo da Penha SP, juntamente com Danilo Batista.
*MESTRE MIRÃO: GRANDE MESTRE
*MESTRE LOBO: HOMEM DE PERSONALIDADE SINGULAR, MEU GRANDE MESTRE, ELE ME ENSINOU COMO ME PORTAR DENTRO E FORA DAS RODAS COM HUMILDADE,
SIMPLICIDADE E RESPEITO POR TODOS OS MEUS SEMELHANTES. E A QUEM DEVO ETERNA REVERÊNCIA, CONTINUA NA MINHA MEMÓRIA; ONTEM, HOJE E SEMPRE.
      ESTEJA EM PAZ...  ESTEJA COM DEUS MEU MESTRE.



ESTE TEXTO TEM DIREITOS AUTORAIS DO MESTRE  YRAPURU, SOB REGISTRO nº582.488 Livro:1.113 Folha: 244 Fundação BIBLIOTECA NACIONAL MINISTÉRIO DA CULTURA - ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS (RIO DE JANEIRO) BRASIL, SENDO PORTANTO PROIBIDO A REPRODUÇÃO, CÓPIA TOTAL OU PARCIAL PASSÍVEL DE PENAS PREVISTA POR LEI.

 Imagem 1, mestre Yrapuru jogando com mestre Dentinho in memoriam. - Imagem 2 mestre Yrapuru jogando com mestre Touro, ambos do Rio de Janeiro
 Imagem 3, mestre Lobo, mestre Espanto e Danilo Batista - Campeão Sul-americano - peso pena de Boxe.


     (MESTRE YRAPURU DZ) HISTORIADOR DA CAPOEIRA; ARAUTO DO CLÃ DOS PALMARES.

segunda-feira, 25 de março de 2013

*******DOIS HOMENS, DOIS DESTINOS*******

               WALDEMAR SANTANA *** O DESAFIO***
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     WALDEMAR SANTANA, FOI UM LUTADOR DE JIU-JITSU, CAPOEIRA E VALE TUDO QUE JUNTO COM A FAMÍLIA GRACIE, AJUDOU A DIFUNDIR AS LUTAS ESPORTIVAS PELO BRASIL, PRINCIPALMENTE JIU-JITSU E VALE TUDO.


  A HISTÓRIA

     ORIGINALMENTE WALDEMAR SANTANA TRABALHAVA NA ACADEMIA DA FAMÍLIA GRACIE. CERTO DIA, APÓS VÁRIOS ANOS COM OS GRACIE, FOI CONVIDADO PARA FAZER UMA LUTA NUM ESQUEMA TRADICIONALMENTE CONHECIDO COM TELECATCH, LUTA LIVRE PATROCINADA PELA REDE DE LOJAS IMPERATRIZ DAS SEDAS ONDE AS LUTAS ERAM ARMADAS. MESTRE HÉLIO NÃO PERMITIU QUE WALDEMAR LUTASSE, E FOI ASSIM QUE ELES SE SEPARARAM. EM RAZÃO DESSE DESENTENDIMENTO, WALDEMAR SANTANA DESAFIOU MESTRE HÉLIO PARA UM VALE TUDO... MESTRE HÉLIO ACEITOU!

O DESAFIO COM MESTRE HÉLIO GRACIE


A GRANDE LUTA DO SÉCULO, A BATALHA SANGRENTA: DOIS HOMENS, DOIS DESTINOS E DUAS HISTÓRIAS.
AMBOS ENTRARAM NO RINGUE DE KIMONO, MESMO A LUTA SENDO NAS REGRAS DO VALE-TUDO, WLDEMAR SANTANA 25 ANOS, 94 KG, HÉLIO GRACIE 44 ANOS, 64KG. A LUTA TEVE DURAÇÃO RECORDE PARA UM VALE-TUDO, DE 3 HORAS E 45 MINUTOS. MUITO MAIS PESADO E MAIS FORTE, WALDEMAR SANTANA FICOU A MAIOR PARTE POR CIMA CASTIGANDO HÉLIO GRACIE DE DENTRO DA GUARDA, MAS HÉLIO VALENTE; E O LUTADOR MAIS TÉCNICO DO JIU-JITSU DA HISTÓRIA RESISTIU BRAVAMENTE ATÉ QUE JÁ EXTENUADO, FOI ERGUIDO ACIMA DA CABEÇA POR WALDEMAR E ARREMEÇADO AO TABLADO. COM O SEU REFEXO COMPROMETIDO PREJUDICADO PELA EXAUSTÃO, HÉLIO DEMOROU MUITO TEMPO PARA GIRAR E SE DEFENDER, FOI QUANDO WALDEMAR ACERTOU UM GOLPE EM CHEIO NO SEU ROSTO FAZENDO-O APAGAR, E ASSIM VENCENDO A LUTA POR KNOCK-OUT. SE TORNANDO O PRIMEIRO E ÚNICO LUTADOR A NOCAUTEAR O SEU GRANDE E ETERNO MESTRE HÉLIO GRACIE. ATÉ HOJE A CENA É LEMBRADA EM TOM DRAMÁTICO POR QUEM A PRESENCIOU. ENQUANTO HÉLIO ERA RETIRADO DO RINGUE CARREGADO POR SEU IRMÃO CARLOS GRACIE, SEUS SOBRINHOS CARLSON, RÓBSON E ALGUNS AMIGOS, ALUNOS E ADMINISTRADORES DA FAMÍLIA GRACIE, AINDA ATÔNITOS SE AGITAVAM, DISCUTIAM COM OS POUCOS DEFENSORES DE WALDEMAR E O GINÁSIO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS (ACM) SE TRANSFORMOU EM UM BARRIL DE PÓLVORA PRESTES A EXPLODIR. NÃO FOSSE A INTERVENÇÃO DA POLÍCIA MILITAR, O GINÁSIO DA ACM PODERIA TER DADO LUGAR A UMA VERDADEIRA BATALHA CAMPAL. OS GRACIE NÃO DEIXARAM BARATO E O DESAFIO LANÇADO POR CARLSON GRACIE E WALDEMAR, AINDA QUANDO SEU TIO HÉLIO ERA SOCORRIDO NO RINGUE SERIA LEVADO A CABO SEIS MESES DEPOIS DA LUTA DO SÉCULO. COMEÇAVA ALI UMA RIVALIDADE ENTRE OS GRACIE E OS SANTANA QUE DURANTE ANOS ALIMENTARIA O NOTICIÁRIO ESPORTIVO.

A REVANCHE COM CARLSON GRACIE

A IDEIA DA FAMÍLIA GRACIE ERA FAZER UM VALE-TUDO ENTRE CARLSON GRACIE E WALDEMAR PARA LAVAR A HONRA DOS GRACIE, MAS DEPOIS DA REPERCUSSÃO DO CONFRONTO NA (ACM) NÃO HOUVE ESPAÇO PARA ISSO. O VALE-TUDO ANDAVA PROIBIDO JÁ NA ÉPOCA DA LUTA ENTRE HÉLIO E WALDEMAR. APÓS O COMBATE, BOA PARTE DA IMPRENSA CLASSIFICOU O COMFRANTO COMO SELVAGERIA E AS AUTORIDADES PROIBIRAM DE VEZ EVENTOS DO GÊNERO NO RIO DE JANEIRO. COM O VALE-TUDO PROIBIDO, A SOLUÇÃO ENCONTRADA PARA COLOCAR CARLSON E WALDEMAR FRENTE A FRENTE FOI PROMOVER UM DESAFIO DE JIU-JITSU.

MAS A LUTA ERA TÃO ESPERADA QUE O CONFRONTO FOI REALIZADO NO MARACANÃNZINHO LOTADO EM NOVEMBRO DE 1955, SEIS MESES APÓS A DERROTA DE HÉLIO. PARA DECEPÇÃO DAS 30 MIL PESSOAS QUE LOTARAM O GINÁSIO, NÃO HOUVE VENCEDOR CARLSON APESAR DE MAIS TÉCNICO NÃO CONSEGUIU SUPLANTAR A SUPERIORIDADE FÍSICA DE WALDEMAR E APÓS CINCO ROUNDS DE 10 MINUTOS, O EMPATE FOI DECRETADO. A DESFORRA SO VIRIA EM JULHO DE 1956.

A DESFORRA

A DESFORRA SÓ VIRIA EM JULHO DE 1956, NOVAMENTE COM UM MARACANÃNZINHO LOTADO. DESTA VEZ FOI VALE-TUDO, JÁ QUE O VETO CONTRA A MODALIDADE HAVIA SIDO REVOGADO. CARLSON DESTA VEZ NÃO DESPERDIÇOU A OPORTUNIDADE DE VINGAR SEU TIO E BATEU PARA VALER EM WALDEMAR. TANTO QUE AOS 9' E 20'' DO 4º ASSALTO, O LEOPARDO NEGRO ACABOU DERROTADO POR NOCAUTE TÉCNICO. A VITÓRIA DE CARLSON SOBRE WALDEMAR LAVOU A HONRA E A ALMA DOS GRACIE E DEU ORIGEM A UMA EPOPÉIA QUE SE ARRASTARIA POR LONGOS ANOS DE CONFRONTOS.

ESTA É UMA PEQUENA PARTE DA HISTÓRIA DOS GRANDE LUTADORES QUE NOSSO PAÍS JÁ TEVE. DE UM LADO UM CAPOEIRISTA E  DO OUTRO UM GRANDE MESTRE DA ARTE DO JIU-JITSU MUNDIAL QUE EM OUTRA OPORTUNIDADE TERMINAREI.


POR (MESTRE YRAPURU DZ) ARAUTO DO CLÃ DOS PALMARES PESQUISADOR DE HISTÓRIA, HISTÓRIA GERAL E HISTORIADOR DA CAPOEIRA.
 

***OS SEGREDOS DOS VALES DO NÍGER***

                                         A HISTÓRIA PEDE PASSAGEM
     *** OS SEGREDOS DO VALE NO NÍGER***
    LOCALIZADO NO CENTRO-OESTE DA ÁFRICA, SEM SAÍDA PARA O MAR O NÍGER TEM DOIS TERÇOS DA SUA ÁREA OCUPADOS PELO DESERTO DO SAARA. O RESTANTE SITUA-SE EM ZONA SEMIDESÉRTICA DENOMINADA SAHEL. AS POUCAS TERRAS CULTIVÁVEIS VÊM ATUALMENTE SOFRENDO ACENTUADO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO, RESULTADO DO DESMATAMENTO E DA AGROPECUÁRIA PREDATÓRIA. O URANO É A BASE DA ECONOMIA, MAS O PAÍS É MISERÁVEL. ASSOLADO PELA SECA E PELA FOME, O NÍGER TEM O PIOR ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) DO MUNDO, SEGUNDO RELATÓRIO DA ONU DE 2009.
    POVOADA DESDE O PERÍODO NEOLÍTICO, A REGIÃO QUE CORRESPONDE AO ATUAL NÍGER FOI HABITADA POR POVOS NÔMADES COMERCIANTES E CONTROLADA POR DIVERSOS REINOS E IMPÉRIOS. INTRODUZIDO ENTRE OS COMERCIANTES NO SÉCULO VI E NO VII, O ISLAMISMO SÓ SE EXPANDE NO SÉCULO XIX. A FRANÇA OCUPA A REGIÃO EM 1897. NÍGER É COLÔNIA FRANCESA ENTE 1922 E 1960 QUANDO OBTÉM A INDEPENDÊNCIA. SEU PRIMEIRO PRESIDENTE É HAMANI DIORI. DESDE OS ANOS DE 1970, OS MILITARES SÃO A FORÇA PPOLÍTICA DOMINANTE NO PAÍS. EM 1990, NÔMADES TUAREGUES, QUE LUTAM POR AUTONOMIA NO NORTE E NO SUDESTE, ENTRAM EM CONFLITO ARMADO COM O EXÉRCITO. ACORDOS DE PAZ SÃO ASSINADOS EM 1995 E 1997, E A INCORPORAÇÃO DOS TUAREGUES À VIDA POLÍTICA PROSSEGUE ATÉ 2000.
     RETROCEDENDO NA HISTÓRIA, NOS VALES DO NÍGER E DO SENEGAL HABITAM OS POVOS DE ETNIA MANDINGA. OS QUAIS NO SÉCULO XVII FORAM ESCRAVIZADOS E REPATRIADOS PARA DIVERSOS PAÍSES TAIS COMO; ESTADOS UNIDOS, HAITI, E SOBRETUDO AO BRASIL. RAZÃO ESTA QUE AO CHEGAREM AQUI, FORAM INCUBIDOS DE FUNÇÃO DIFERENTES DOS OUTROS ESCRAVOS ADVINDOS DAS REGIÕES AUSTRAL DA ÁFIRCA. OS MANDINGAS ERAM NEGROS DESENVOLVIDOS INTELECTUALMENTE, POIS SABIAM LER ESCREVER INCLUSIVE EM HEBRAÍCO. POR SEREM MUÇULMANOS, GOZAVAM DA PRERROGATIVA DE NÃO COMEREM "RESTOS DE ANIMAIS" NO CASO DA FEIJOADA, DOBRADINHA, SARAPATEL, CARNE DE PORCO, ETC. POR   TODOS ESTES REQUISITOS OS MANDINGAS TINHAM CERTOS PODERES EM RELAÇÃO AOS OUTROS ESCRAVOS POIS ERAM VISTOS POR OUTRAS ETNIAS COMO FEITICEIROS POR USAREM PATUÁS, CONTENDO ORAÇÕES PODEROSAS PELA QUAL, ATÉ OS SENHORES DE ESCRAVOS OS TEMIAM AO PONTO DE LHES CONFIAREM FUNÇÕES PRIVILEGIADAS DE CAPITÃES- DO-MATO, QUE PERSEGUIAM, CAPITURAVAM,  E TORTURAVAM SEU PRÓPRIO POVO. 


OS MANDINGAS SÃO TIDOS COMO FEITICEIROS, E HABITAM NOS VALES DO NÍGER E DO SENEGAL .

POR (MESTRE YRAPURU DZ) HISTORIADOR DA CAPOEIRA; ARAUTO DO CLÃ DOS PALMARES, PESQUISADOR DE HISTÓRIA, HISTÓRIA GERAL.

quinta-feira, 21 de março de 2013

UM CERTO BESOURO MANGANGÁ


             ***A HISTÓRIA PEDE PASSAGEM***
                                     UM CERTO BESOURO MANGANGÁ
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    Manoel Henrique Pereira (Besouro Mangangá) - Iêê capoeira...Salve Besouro! apresento agora o mais famoso capoeira de todos os tempos. Deixou o seu nome na história e permanece na memória de todos os praticantes da capoeira do mundo tornando-se o maior mito da capoeira até hoje chega-se até duvidar da sua existência. Eu ainda era criança, e no interior em que nasci, ouvia os mais velhos contar histórias de homens com poderes sobrenaturais, homens que conheciam e sabiam as coisas do feitiço e da mandinga. Certa vez meu pai ainda lembro; sentado na sala de jantar à noite sob a luz do candeeiro, começou a contar: Havia um policial na cidade de Paulo Jacinto minha cidade natal, que certa vez cometeu um crime e por razão deste, desertou da polícia e passou a ser procurado vindo a se esconder no povoado do sítio Olho D'Água. Um certo dia, a polícia em constante busca veio a localiza-lo e efetuar a sua prisão. Nesse dado momento, estando ele em casa não houve tempo para a sua fuga, pois a polícia invadiu a sua casa sem ordem de busca ou coisa assim, nessa época não existia e não existe até hoje tal procedimento por àquelas bandas do sertão do estado de Alagoas. Tendo a polícia invadido por volta das 21:00 horas a casa de taipa e revistado todos os lugares, nada encontrou, apenas em cima da cama um saco de estopa. Caros amigos capoeiras, essas são partes de algumas histórias ouvidas e contadas até hoje em lugares distante das cidades grandes onde apenas o dinheiro e o progresso é a parte mais importante de tudo. 
      - Ouvia estas histórias e ficava intrigado imaginando como podia alguém em apuros se tansformar em objetos, animais, tocos, poças d'água etc. A exemplo disso, a história a lenda, remonta um personagem nascido na cidade de Santo Amaro da Purificação no estado da Bahia no ano de 1885, Manoel Henrique Pereira, vulgo (Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro). Besouro foi um praticante da capoeira em um período anterior ao de mestre Pastinha e mestre Bimba. Besouro era também chamado de" Besouro Cordão de Ouro" por seus companheiros, entre os quais estavam Paulo Barroquinha, Boca de Siri, Doze Homens, Noca de Jacó, Canário Pardo, Piri Piri, Juvenal, Bemol do Correio, Pedro Mineiro dentre outros.
        Certa vez diz a lenda, Besouro se viu encurralado por uma dúzia de policiais e estando ele sem saida, abriu os braços e neste momento transformou-se num besouro e saiu voando. Razão esta que por esse acontecimento recebeu o apelido de "Besouro Mangangá."


Por mestre Irapuru HISTORIADOR DA CAPOEIRA; arauto do clã dos Palmares pesquisador de História, e História Geral.

          

 

domingo, 17 de março de 2013

CAPOEIRAGEM NOS CAMPOS DA HISTORIOGRAFIA



A CAPOEIRAGEM NOS CAMPOS DA HISTORIOGRAFIA
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                  *** SETE PORTAS DA BAHIA ***

O primeiro grande estudioso acadêmico a se preocupar com a capoeira como fenômeno social foi Gilberto Freyre. Em seu clássico Sobrados e Mocambos, ele fez uma rápida mas marcante passagem sobre o capoeira, na transição da sociedade "patriarcal" do senhor de engenho para a civilização urbana dos sobrados.
Cita ele:
         
                      Às vezes havia negro navalhado; moleque com os intestinos de fora
                      que uma rede branca vinha buscar (as redes vermelhas eram para os
                      feridos; as brancas para os mortos). Porque as procissões com banda
                      de música tornaram-se o ponto de encontro dos capoeiras, curioso
                      tipo de negro ou mulato da cidade, correspondendo ao dos capangas
                      e cabras dos engenhos. O forte do capoeira era a navalha ou a faca de
                      ponta; sua gabolice, a do pixaim penteado e trunfa, a da sandália quase
                      na ponta do pé quase de dançarino e a do modo desengonçado de andar.
                      A capoeiragem incuía além disso uma série de passos difícieis e de
                      agilidade quase incríveis de corpo, nas quais o malandro de rua se iniciava
                      quase maçonicamente.
Gilberto Freyre em seu estilo característico aponta o capoeira como a variante urbana do moleque dos engenhos dos bangüês, e a liberdade assumida por certas maltas de negros capoeiras era o reflexo da decadência da rígida sociedade ptriarcal rural da era clássica do Brasil colônia, na passagem para a sociedade "moderna e arejada" - do período imperial.
Por mestre (Yrapuru DZ) Historiador da Capoeira; arauto do clã dos Palmares pesquisador de História, e História Geral.

quarta-feira, 13 de março de 2013

SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO

                  SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO
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  A Saga dos Capoeiras- destoando da historiografia tradicional, que sempre via os capoeiras como elementos deletérios, inimigos da civilização e uma mácula na reputação da cidade do Rio de Janeiro, em face da brutalidade dos senhores, abrindo caminho para uma leitura do passado diferente da versão comumente transmitida pela classes conservadoras.

                                   Nasceu pois, a capoeiragem de uma necessidade imperiosa
                                   de defesa humana contra o ataque desumano. Eram os
                                   exercícios de agilidade que faziam frente aos escravocratas
                                   que tentavam reaver os pobres negros. E para incitar os
                                   ânimos formaram a lenda de que eles eram os autores de
                                   todos os latrocínios havidos e por haver, matando para roubar
                                   nas suas excursões noturnas, quando faziam o abastecimento
                                   clandestino para os seus esconderijos.



Por mestre Yrapuru DZ Historiador da Capoeira; arauto do clã dos Palmares pesquisador de História ,  e História Geral.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

VIDA DE ESCRAVO (SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO)

                               *** SETE PORTAS DA BAHIA ***

(...) O MEU AVÔ costumava à noite, depois da ceia, conversar para a mesa toda calada. Contava histórias de parentes e de amigos, dando dos fatos os mais pitorescos detalhes.
     - Isto se deu antes do cólera de 1948 ou depois do cólera de cinquenta e seis.
        Eram os sinistros marcos de suas preferências. O seu grande motivo era, porém a escravidão.
        Tio Leitão dava nos negros como em bestas de almanjarra. Tinha uma escravatura pequena: um negro só para mestre-de-açúcar, purgador, pé-de-moenda.

       - O major Ursulino de Goiana( PB ), fizera a casa de purgar no alto, para ver os negros subindo a ladeira com a caçamba de mel quente na cabeça. Tombavam cana com a corrente tinindo nos pés. Uma vez um negro dos Picos chegou na casa-grande do major, todo de bota e de gravata. Vinha conversar com o senhor de engenho. Subiu as escadas do sobrado oferecendo cigarros. Estava alí para prevenir das destruições que o gado do engenho fizera na cana dos Picos. Ele era o feitor de lá. O senhor pedira para levar este recado. O major calou-se afrontado. Mandou comprar  o negro no outro engenho. Mas o negro só tinha uma banda escrava. Pertencendo a duas pessoas numa partilha, um dos herdeiros libertara a sua parte. Então o major comprou a metade do escravo. E trouxe o atrevido para a sua bagaceira.  E mandou chicoteá-lo no carro, a cipó de couro cru, somente do lado que lhe pertencia.
         Esta história da banda-forra, o meu avô contava para mostrar a ruindade do velho Ursulino

Por mestre Yrapuru DZ Historiador da Capoeira; arauto do clã dos Palmares pesquisador de História, e História Geral.
         

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

OS AFRICANOS E A CAPOEIRA NO SÉCULO XIX

                    *** SETE PORTAS DA BAHIA***


         Manoel Querino (1864- 1923) era um indivíduo que viveu a sua juventude na segunda metade do século XIX, sendo o seu depoimento o de alguém que, se não participou, presenciou a cultura da capoeira desenvolvida por alguns grupos sociais. Em seu trabalho Costumes Africanos no Brasil,descreve um encontro entre grupos: 
              

           "O domingo de Ramos fora sempre o dia escolhido para as escaramuças dos capoeiras. O bairro mais forte fora o da Sé; o campo de luta era o Terreiro de Jesus. Esse bairro nunca fora atacado de surpresa, porque os seus dirigentes, sempre prevenidos, fecharam as embocaduras, por meio de combatentes, e um tulheiro de pedras e garrafas quebradas, em forma de trincheiras, guarnecia os principais pontos de ataque, como fossem: ladeira de São Francisco, São Miguel, e Portas do Carmo, na embocadura do Terreiro. Levava cada bairro uma bandeira nacional e ao avistarem-se davam vivas à sua parcialidade. Terminada a luta, o vencedor conduzia a bandeira do vencido."


           Manoel Querino registrou a capoeira a partir de confrontos espaciais entre o grupos representativos dos bairros da cidade de Salvador, algo como um grande espetáculo que se consagra nos conflitos de rua e projeta seus símbolos e rituais. O autor afirma que os capoeiras possuíam uma cultura corporal própria, que revelava sua identidade social; e apresentava dois tipos de capoeiras: os profissionais e os amadores. Estes não usavam sinais característicos, mas se exibiam nas contendas entre os grupos. Manoel Quirino faz menção à existência dos cantos e dos instrumentos musicais, e finaliza sua descrição sobre a capoeira baiana, afirmando que somente no Rio de Janeiro o praticante " constituía-se como um elemento perigoso.
       Manoel Quirino presenciou os capoeiras em Salvador, local em que nasceu, e no Rio de Janeiro, onde se tornou vereador.

 Por mestre Yrapuru DZ, Historiador da Capoeira; arauto do clã dos Palmares pesquisador de História, e História Geral.
      
                    

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A CAPOEIRA DE ANTANHO *** SÉCULO XIX***

          OS CAPOEIRAS E AS ELEIÇÕES
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          Vários escritores abordaram a intromissão, a ingerência dos capoeiras nos pleitos eleitorais realizados no Rio de Janeiro. Adalberto Matos, num artigo veiculado pela revista Para Todos de oito de março de 1924, focaliz o que ocorreu no ano de 1824. A seguir, irei transcrever o relato documentado do aludido escritor: "Os acontecimentos desenrolados naquele ano chegaram até os nossos dias, trazidos pelas crônicas e pelo testemunho dos anciãos ainda existentes, Diziam eles que nunca se mentiu tanto como naquela luta.
         A Liberdade e a Lei serviram de capa aos mais baixos sentimentos, a fraude imperou, o assínio afungentou os cidadãos pacatos e honrados , ficando em campo unicamente a capoeiragem desenfreada que espancava, esfaqueava e navalhava sem piedade, para que o fósforo tivesse voz ativa nas urnas. Uma crônica de Moreira de Azevedo nos conta fielmente o que foi a vergonha de 1872: " ... em nome do patriotismo e das liberdades públicas comentaram-se fraudes, violências e assassínio; transformaram-se as igrejas em arena de lutadores e capoeiras; vozerias, gritos, empurrões, exclamações estrondosas, disputas veementes, manejos de cassete, faca e punhal, luta e sangue, todo Cristo presenciou em sua casa, no lar santo e bendito que os homens lhe consagram. A entrada no templo tornou-se um perigo. Em vez do homem buscar a igreja como asilo de paz, do sossego, de meditação e lenitivo, afastou-se dali por ser o teatro de contendas, ambições, traições do pugilato e da morte."
        O que se leu é a verdade histórica sem rodeios e sem fantasias. Os jornais da época podem ser tirados da poeira das bibliotecas para confirmar plenamente a palavra do historiador." Evocando, com nitidez, o que acontecia nas eleições pretéritas, o Barão de Campo Grande revela num soneto documentário, a turbulência, os tumultos, os confrontos, as fraudes, os roubos perpetrados no dia em que travavam disputas eleitorais no Rio de Janeiro.

   Por mestre Yrapuru DZ arauto do clã dos Palmares pesquisador de História, História Geral e da Capoeira na sua íntegra.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

" SETE PORTAS DA BAHIA " (SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO)

   *******SETE PORTAS DA BAHIA*******            *** SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO***
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   Entardecia. Era aquele instante em que o sol, despedindo-se, transforma o céu em outro, deixando nas retinas dos viventes o brilho do reinado. Iria embora o sol, breve cairia a noite, mas aquele era aos meus olhos o instante em que cor não tem nome, nasce e morre num mesmo impulso, como se o tempo mudando de pele revivesse a criação. Entardecia sim, e era o instante que mais me deixa em mim. É quando amarro firme o saveiro e tomo o caminho de casa. Entardecia, eu estava em Águas de Meninos, já fora da embarcação, quando me apareceu o amigo, o escritor famoso, com dois acompanhantes, um japonês e um americano. Gosto do escritor: não é exatamente um amigo do peito, mas sempre foi pessoa de merecimento, desses que não têm besteira no trato com os da terra, um amigo afinal. Foi se chegando, cumprimentando e apresentando: "Mestre, estes são conhecidos meus, pessoas recomendadas a quem mostro a Bahia". Conhecido não é o mesmo que amigo, mas enfim, muito que bem, perguntei o que posso fazer por vosmecê?  E ele: queria que o senhor mostrasse a capoeira. Rarrará, pois sim, com que então o jogo já tem todas essas valias! relutei, fis um pouco de doce, mas não sou de deixar ninguém na mão, terminei chamando o Manuelzinho da barraca "Deus Dara" e ali, na beira do cais sem cantiga, berimbau, sem nenhum som, mostramos a brincadeira pros homens. Brincadeira insisto: jogamos angolinha sem maldade, só pra dar uma ideia. Agradei? Talvez sim, mas então não precisava dar a chateação que deu. Assim sem mais nem menos o japonês entendeu que o jogo era só dança, que não tinha nada a ver com a luta e com um sorrisinho fingido, me desafiou. Depois a gente mesmo ainda canta que capoeira é bicho "farso"... Falso mesmo era o amarelo que me chamava sorrindo com ares de amizade, mas que se mexia o tempo todo como fera. É, sim, tenho essas coisas comigo,  de medir gente por padrão de bicho. Olho pros pés, vejo gato; pros olhos, onça; pros braços, aranha, mas também me dá de ver galinha, pinto, tudo quanto é bicho frouxo. O japonês era um tamanduá e eu o sabia por seu jeito de plantar os pés no chão, de arquear os braços escondendo a força, pra não espantar a vítima. Ainda por cima eu sabia, nunca fui bobo, que japonês é dado a artes perigosas, dessas que botam o vivente de cara na terra sem tempo de apelação. Aquele alí, o conhecido do amigo escritor resolveu ser honesto e foi avisando enquanto tirava o paletó e gravata que tinha sido campeão de judô. Eu não conhecia, e até hoje não conheço a mandinga desta arte, mas tinha certeza de que era coisa de tamanduá, coisa de abraços mortais, de sufocar coitado. É. Assim como são os homens,são também as criaturas, ou o contrário. Eu tinha pela frente um tamanduá. Não gostei. Afinal, eu trabalhara duro o dia todo, o resultado da pesca quese nada, fiz aquela demonstração para servir a um amigo e recebo na cara um desafio, alguém põe em dúvida a brincadeira. Não gostei não, mas também não receei. Pra não dizer não. O escritor ainda tentou se meter, dizer pro japonês que não era a coisa mais bem-educada a fazer, mas o americano insistiu entusiasmado, e o amarelo não arredou o pé. Queria ver o jogo à vera, e pronto. Não tive jeito: vamos lá, angolinha mais uma vez. Comecei manso gingando, acenando com a mão, fazendo as honras da casa, do corpo. É isso aí: o corpo é casa- do mistério. Pode haver quem ache que é coisa de dois e dois, que nele tudo sai certinho conforme o calculado. Mas eu tenho comigo que não é assim, que conta é outra, é de fora deste tempo ordinário, é de dentro do segredo. Falo de experiêcia, cabeça nenhuma é dona do corpo. Lembro  uma vez em que eu ia entrando no barco com uma pilha de pratos na mão, a cabeça longe dalí, cheia de minhoca e aporrinhação, quando, Bento, bem na minha frente, de remo atravessado no ombro, voltou-se sem dar aviso, e com tal rapidez, que a quina do pau ia achatar direitinho o meu pé d'ouvido. Com um pé na borda do saveiro e o outro no cais, verguei o corpo pra trás, os braços esticados para cima, sustentando os protos, que nem gaiato de circo equilibrado sobre o vazio da água. Disse verguei? Talvez seja melhor dizer que o corpo me jogou para traz, sem plano, sem treta, cálculo nenhum. É, o corpo vive às vezes sozinho com manhas próprias. E agora, eu sentia que o japonês era desses que julgam senhores do corpo, desses que amontoam saber e truques, dobram o físico com a ginástica e viram maquininha de bater. Isso eu via no olhar do homem, no rastreamento dos músculos, na confiança atrevida. Eu? Eu nem aí... Comecei remanchoso, sem afobação, dançando angolinha. Corpo gosta de dança, é preciso agradar o corpo. Ginguei mais, fui ao chão, levantei o braço, esperei. Na fome o amarelo avançou e me agarrou a mão. Tamanduá purinho. Primeiro meu braço ia virar um nó, desses que ninguém desata, depois eu seria engolido num arrocho. Isto é o que estava na cabeça do homem, é o que a cabeça dizia ao corpo para fazer. Bem treinado, o corpo faz tim-tim por tim-tim. Mas também é capaz de vingança, que corpo não gosta de ser escravo da intenção de cabeça. Se vinga sim, avisando aos outro a sabedoria da cabeça. Pois corpo vive de amor, seu segredo não passa por língua grossa. Quantas, quantas vezes, no entardecer, à beira-mar eu abria a camisa e deixava a brisa me tocar macia como mulher, e depois, bêbado de carinho, saltava para cima, cada vez mais alto até pegar na ramagem das árvores tão leve me ficava o corpo. Quantas, quantas vezes, no jogo da capoeira, o corpo não ficava em pleno ar, na emergência da queda bruta, mas terminava rolando manso, que nem pluma, no chão? Corpo gosta de capoeira, que é jogo amoroso, sim. Amor não é coisa fraca, muito menos boba. Meu corpo viu logo de saída como o tamanduá se movia o que ia fazer. Por isso, levantei o braço, qual isca para charéu, à espera do ponto xis. É coisa que nenhuma cabeça conhece, é do mistério do corpo, sem nome, sem conta, como as cores do entardecer. É um ponto que aparece no peito, no braço, na perna, em qualquer lugar, conforme o momento. O japonês não sabia, não podia saber do ponto xis, pois só tinha aprendido a ganhar, não era de contemplação. Mas o dele se mostrou bem claro no calcanhar. Ali não tinha equilíbrio, não tinha saber, não tinha nada. Desci na rasteira, com vontade, e puxei. Adeus, tamanduá. Não quero exagerar nem contar vantagem, mas o fato é que o distinto ficou mais leve do que nunca na vida, voou. Acredito que a brincadeira pudesse ter durado muito mais se, na queda, ele não tivesse batido com a cabeça na beirada dura do cais. Ai, cabeça! não gostei, não queria machucar ninguém, muito menos o conhecido de um amigo meu, gente fina. A queda foi feia, sim, mas também não era pra desmaiar, entrar em coma, esses chiliques de moça. Enfim, tudo acabou bem: o socorro chegou rápido, o amigo escritor não me pareceu aborrecido, pois contou pra mim, com risadinha de viés, que o jogo não havia durado nem um minuto. Ainda bem, pensei, pois as luzes já se acendiam ao longe, lá pras bandas de Itapajipe, e eu queria chegar cedo em casa pra comer aquele peixe que a companheira prepara com toda a graça dos céus, não fosse eu chamado Samuel Querido de Deus.                                                                        Crônica

      Por mestre Yrapuru arauto do clã dos Palmares; historiador da Capoeira e pesquisador de História e História Geral.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

*** SETE PORTAS DA BAHIA ***(SOB A ÉGIDE DE SÃO SALOMÃO)))

                       SETE PORTAS DA BAHIA    ********       CAPOEIRAGEM
    A Estrela de Davi (Selo de Salomão) é um dos símbolos mais conhecidos no mundo e tem um profundo significado profético. Este símbolo é assim chamado porque segundo a tradição judaica os guerreiros do rei Davi usavam este símbolo em seus escudos.
    A Estrela de Davi(chamada de Escudo de David) é um símbolo real, um selo de realeza representativo do reinado de David. Quando as nações pagãs iam à guerra, muitas vezes pintavam figuras pera inspirar medo aos adversários nos escudos dos seus próprios soldados (tais como dragões, cobras, etc.) No entanto, em Israel, o símbolo é o escudo de David.
    O nome David em hebraico é composto de três letras na seguinte ordem: Dálet-Vav. Dálet. No hebraico antigo, a letra Dálet tinha a forma semelhante a um triângulo com vértice para cima. Quando este símbolo foi gerado, não sabemos ao certo, no entanto sabemos que este símbolo e geometricamente construído em forma de estrela com as duas letras Dálet que compunham o nome David (entrelaçando-as, e girando uma das letras em 180º par que seu vértice se colocasse para baixo). Com o tempo, este símbolo tornou-se símbolo da nação de Israel e do povo judeu, estando presente na própria bandeira de Israel.
                 Vejamos agora o significado deste símbolo:

* primeiro triângulo com a ponta para cima: Deus homem e povo (Deus, indivíduos e coletividade)
*segundo triângulo com a ponta para baixo: Criação, revelação e redenção (passado, presente e futuro).
Veja a revelação teológica contida neste símbolo: Deus com seu poder cria o homem, que consequentemente se torna um povo. A criação foi a primeira manifestação de Deus, que mostrou ao homem através da revelação que é progressiva, até que possa acontecer a redenção final do homem! o detalhe: tudo isso nos fala do passado (a criação), do presente (a revelação em andamento) e do futuro (a nossa redenção que acontecerá em Cristo).
A Maguen David é tradicional símbolo judaico. A estrela é composta por dois triângulos, um com a  ponta para cima, outro para baixo. Um deles aponta para tudo que é espiritual e santo. O outro aponta para baixo, para tudo que é terreno e secular. Ao levar uma vida de Torá e mitzvot, o Judeu luta para unir o mundo espiritual ao terreno, o sagrado e o secular.
 As duas estrelas estão entrelaçadas significam que Deus, o homem, a história, tudo está entrelaçado entre si.

Estrela de Salomão

O Selo do Rei Salomão, ou Estrela de Salomão, simboliza a harmonia dos opostos, cujo significado é múltiplo. Reflete a ordem cósmica, os céus, o movimento das estrelas em suas, e o fluxo perpétuo entre céu e terra, entre os elementos do ar e do fogo. O Selo simboliza a sabedoria e as regras supra humanas da Divina Graça.


Por mestre Irapuru arauto do clã dos Palmares.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

***A HISTÓRIA PEDE PASSAGEM*** (OS CAPOEIRAS)!

   "OS CAPOEIRAS, capoeiras! Gente que com a testa faz n'um instante mais espalhafato que meia duzia de Godans ébrios a jogarem o soco; gente que com a faquinha n'uma mão e o copo na outra  afranta o mais intrépido valentão, mete às vezes uma patrulha no chinelo, fazendo-a amolar as gâmbias com a maior frescura do mundo; gente gárrula, provocadora, que só guarda as esquinas ou as praças do mercado, rebuçada às vezes em uma velha capa, trazendo o seu cacetinho por disfarce. Eis os capoeiras"!

POR MESTRE YRAPURU DZ HISTORIADOR ARAUTO DO CLÃ DOS PALMARES